A Casa de Espelhos

Era uma vez, uma aldeia que ficava distante de tudo. No meio do nada. Tão afastada de tudo, que a maioria dos habitantes do lugar nunca tinha visto um espelho. Não conhecia a magia dos espelhos. Naquele lugarejo os mais velhos falavam sempre sobre uma casa, que ficava um pouco distante e era chamada de Casa de Espelhos. Como na aldeia não existiam espelhos, ninguém sabia direito o que poderia ter naquele lugar.

Na aldeia morava um menino muito feliz. Ele brincava com todo mundo e estava sempre de bom humor. Todos da aldeia gostavam dele. E o menino ouviu tanto a história da Casa de Espelhos, que quis saber o que tinha lá. Com toda sua alegria, ele foi até o lugar. O caminho era comprido e ele andou bastante. Mas foi brincando pelo caminho, admirando a paisagem e cumprimentando quem passava por ele. Dessa forma, o caminho que era comprido ficou curto. Até que ele viu uma casa enorme e muito bonita. Com janelas em toda volta e um jardim fantástico. O garoto achou tudo maravilhoso. Com toda sua alegria, e cheio de curiosidade, ele foi andando, na ponta do pé, até uma das janelas. Ele olhou lá dentro da Casa de Espelhos e viu um monte de meninos sorrindo como ele. O rapazinho acenou e todos os meninos, dentro da casa, também acenaram. Ele não conseguiu falar com nenhum deles, mas voltou mais feliz ainda para sua aldeia. Ao chegar lá, abriu um grande sorriso e contou para todo mundo:

– Fui até a Casa de Espelhos! É um lugar maravilhoso. Uma casa bonita com um jardim fantástico. Dentro da casa vivem muitos meninos felizes. É um paraíso!

Todos ficaram encantados.

Só teve um menino que não gostou. Esse garoto estava sempre de mau humor. Não brincava, não sorria e brigava com todo mundo. O menino zangado não acreditou no outro e disse:

– Duvido que seja assim! Só vendo para crer!

E o zangado foi, com todo seu mau humor, até a Casa de Espelhos. O caminho era comprido e ele foi brigando com todo mundo que encontrava, resmungando e reclamando o tempo todo. Dessa forma, o caminho que era comprido ficou mais comprido ainda. Quando chegou ao lugar, ele viu a grande casa e resmungou:

– A casa nem é tão bonita assim. E esse monte de janelas? Deve dar um trabalhão para limpar.

Com todo esse mau humor, o zangado foi, na ponta do pé, e olhou para dentro da casa por uma das janelas. Lá dentro ele viu um monte de meninos com cara de poucos amigos. O menino zangado não gostou e fez uma careta para eles. E todos os meninos fizeram caretas também.

Eram tantas as caretas que o garoto saiu correndo assustado. Ao chegar a sua aldeia, foi logo reclamando com o outro:

– Mentiroso! Naquela casa só tem gente feia e que faz careta! Não gostei mesmo!

Um velho, que ouviu o relato dos dois meninos e conhecia a mágica de um espelho, disse baixinho do alto da sua sabedoria:

– A Casa de Espelhos é como a vida, que olha para gente do jeito que a gente olha para ela.

CONTO POPULAR JAPONÊS