Medo

Do que é feito o medo? O medo é feito da ignorância do próprio ser. Existe apenas um medo; ele se manifesta de muitas maneiras, existem mil e uma manifestações, mas, basicamente, o medo é um só: o medo de que “lá no fundo, eu possa não existir.

Todo ser humano tem que passar por ele e tem de chegar a uma certa compreensão do assunto. O ego causa o medo de que um dia você possa morrer. Você continua enganando a si mesmo, dizendo que a morte só acontece aos outros, e de certa forma você está certo: um vizinho morre, um parente morre, um amigo morre, sua esposa morre, sua mãe morre, sempre acontece com outra pessoa, nunca com você. Você pode se esconder por trás disso. Talvez você seja uma exceção, não vá morrer. O ego está tentando protegê-lo. Mas cada vez que alguém morre, algo em você se desestabiliza. Cada morte é uma pequena morte para você. Nunca mande ninguém perguntar por quem os sinos dobram, eles dobram por ti. Cada morte é a sua própria morte. Mesmo quando uma folha seca cai da árvore, trata-se da sua morte. Por isso continuamos nos protegendo.

O medo é a sombra do “eu”. E como o “eu” está sempre alerta de que em algum lugar lá no fundo terá de desaparecer na morte… O medo básico é a morte; todos os outros medos refletem apenas o básico. E a beleza é que a morte é tão “não existencial” quanto o ego. Assim, entre essas duas coisas “não existenciais”, o ego e a morte, a ponte é o medo.

O próprio medo é impotente, não tem poder nenhum. É só que você quer acreditar nele – é só esse o poder que ele tem. Você não está pronto para dar um mergulho nas profundezas do seu ser e enfrentar o seu vazio interior, esse é o poder dele. Se não fosse isso, ele seria impotente, completamente impotente.

Mergulhe dentro de si, aprecie o céu interior. Lembre-se, tudo o que você é capaz de ver, você não é. Você pode ver os pensamentos, então você não é os pensamentos; você pode ver seus sentimentos, então você não é os seus sentimentos; você pode ver seus sonhos, desejos, memórias, fantasias, projeções, então você não é essas coisas. Continue eliminando tudo o que você pode ver. Então um dia chega o momento crucial, o momento mais significativo da vida de uma pessoa, quando não há mais nada que rejeitar. Tudo que é visto desapareceu e só quem vê permanece. Esse ser que vê é o céu vazio. Saber disso é viver sem medo, saber disso é estar cheio de amor. Saber disso é ser Deus, é ser imortal.

– Trecho extraído do livro: Medo: Entenda e Aceite as Inseguranças da Vida- OSHO