Boa Conduta – Parte 2

3 – Tolerância:  

Deves sentir perfeita tolerância por todos e um sincero interesse pelas crenças dos de outra religião, tanto quanto pelas tuas próprias. Pois a religião dos outros é um Caminho para o Supremo, da mesma forma que a tua. E, para auxiliar a todos, é preciso tudo compreender. Mas a fim de alcançares esta perfeita tolerância, deves tu próprio, em primeiro lugar, libertar-te da superstição. Precisas aprender que não há cerimônias indispensáveis; de outro modo te suporias um pouco melhor do que aqueles que as não cumprem. Não condenes, porém, os que ainda se apegam às cerimônias. Deixa-os fazer o que lhes aprouver, contanto que se não intrometam no que concerne a ti que conheces a verdade – pois não devem tentar forçar-te àquilo que já ultrapassaste. Sê indulgente com todos; sê benévolo em tudo. Agora que os teus olhos foram abertos, algumas das tuas antigas crenças e cerimônias podem parecer-te absurdas; talvez, na realidade, o sejam. Apesar, porém, de não poderes mais tomar parte nelas, respeita-as por amor às boas almas para quem elas são ainda importantes. Têm o seu lugar e a sua utilidade; assemelham-se às duplas linhas que, quando criança, te guiavam para escrever em linha reta e na mesma altura, até que aprendeste a escrever muito melhor e mais livremente sem elas. Houve tempo em que delas necessitaste; esse tempo, porém, já passou.

Um grande Instrutor escreveu certa vez: “Quando eu era criança, falava como criança, entendia como criança; porém, quando me tornei homem, abandonei os modos infantis”. No entanto, aquele que esqueceu a sua infância e perdeu a simpatia pelas crianças não é o homem que as possa instruir e ajudar. Assim, olha a todos bondosamente, gentilmente, tolerantemente; porém, a todos da mesma forma, quer sejam budistas, judeus, cristãos ou maometanos. 

4 – Contentamento:

Deves suportar os aprendizados da vida alegremente, quaisquer que eles sejam. Por mais duro que eles sejam, mostra-te agradecido por não serem ainda pior. Lembra-te que de muito pouca utilidade serás para o Mestre, enquanto o teu aprendizado não for esgotado e não estiveres livre. Oferecendo-te a Ele, pediste que o teu aprendizado fosse apressado e assim, em uma ou duas vidas esgotas aquilo que, de outro modo, exigiria uma centena delas. Para maior proveito, porém, deves suportá-lo alegremente.

Frequentemente, o Mestre necessita transmitir Sua força a outros através do Seu servo; Ele não o poderá fazer se o servo ceder ao desânimo. Assim, o contentamento é indispensável.

Continua….

– Texto extraído do livro: Aos pés do mestre – J. Krishnamurti

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